Torcedor de Uberlândia contesta imprensa belohorizontina

O colunista Jaeci Carvalho, do jornal Estado de Minas, publicou uma matéria questionando o fato de Cruzeiro, Atlético e América receberem cotas menores de televisão pela participação no campeonato brasileiro.

Meu amigo, Dr. José Ricardo Guerra, torcedor fanático do Uberlândia Esporte Clube, indignado com a nota do jornalista, encaminhou-lhe o email abaixo, que entendemos por bem publicar, porque retrata um sentimento de toda torcida do Verdão. Confiram:

"Caro Jaeci, bom dia. 

Meu pai é assinante do Estado de Minas há pelo menos 30 anos. Nesse período, embora não concorde com várias das suas opiniões, sempre fiz questão de ler sua coluna, até mesmo por respeito aos princípios democráticos que norteiam minha conduta de vida. Para esclarecer não sou político, sou apenas um cidadão apaixonado por esportes (todos eles) e que tenta sempre pautar sua conduta de vida pela isonomia em todos os aspectos. Saber de opiniões divergentes e poder respeita-las embora não concorde, além de defender o direito delas serem ditas são os motivos que me fazem manter tal leitura.

Me inspiro no implicitamente citado Voltaire e na grande obra de Rosseau - "O Contrato social"-, como norteadores de uma sociedade mais justa e igualitária. 

Lendo sua coluna de hoje, agora a pouco, deparei com sua cruzada em favor de cotas iguais de televisão. Não é de hoje que você, como colunista do jornal dos mineiros, embora seja carioca de nascimento, defende cotas maiores de televisão em nível nacional para os times do Estado, mormente os da capital (Atlético, Cruzeiro e porque não dizer, América). Na verdade não seriam nem cotas maiores e sim cotas paritárias àquelas pagas aos dois clubes de maior torcida do país. Acho justos, o pleito e a reinvidicação. 

Entretanto, em momento algum, jamais (com o perdão da redundância) vi qualquer comentário seu no sentido de cotas paritárias quando se fala de campeonato mineiro. Sempre, as cotas da trinca da capital foram diferenciadas e nunca ouvi qualquer voz da imprensa de Belo Horizonte contestando tal prática. Alias neste caso, no caso do Améria nem se justifica, por que, ao contrário de Flamengo e Corinthians em nível nacional, Cruzeiro e Atlético regionalmente, o América não possui a maior torcida, sendo, se muito a quarta ou quinta maior torcida de Minas Gerais.

Mas voltando ao cenário regional, enquanto Cruzeiro e Atlético sempre arrecadaram milhões da Rede Globo Minas (tal como Flamengo e Corinthians) os clubes do interior sempre tiveram que se contentar com migalhas, na verdade esmolas (200, 300 mil por campeonato, se tanto). Lembro que não estamos falando apenas de times sem história como Ipatinga, Nacional de Nova Serrana, Ituiutaba ou Boa (não sei qual o atual nome desse ET de Varginha) e sim de equipes outrora fortes e tradicionais do futebol mineiro e no cenário nacional. Ou será que o passado e a força de times como Tupi, Democratas (Valadares e Sete Lagoas), Uberlândia, Uberaba, Caldense e Vila Nova, entre outros, são desconhecidos por mineiros (especialmente os da capital)?

Ressalto que o Uberlândia Esporte Clube, por exemplo, apesar das crises financeira, administrativa e técnica que o assolam a mais de uma década, ainda se mantém entre os 70 primeiros do Ranking da CBF, embora praticamente não dispute qualquer competição organizada por tal entidade há anos. 

Lembro a você que os times de Rio, São Paulo e Rio Grande do Sul, especialmente, são mais fortes não só porque tem mais dinheiro, mas porque, apesar de algumas aberrações ocorridas principalmente no Rio de Janeiro, tem campeonatos regionais fortes, ou pelo menos, mais fortes que o mineiro. E não adianta dizer que os campeonatos estaduais não valem nada, que o nível técnico é baixo, pois os mesmos não deixarão de existir visto que arraigados na cultura brasileira. Afinal, se os mesmos deixassem de ser realizados quais seriam as conquistas que fariam as torcidas de Atlético e Botafogo principalmente (times grandes em nível estadual, mas médios nacionalmente), se gabar?

Tenho 37 anos e jamais vi o outrora glorioso Clube Atlético Mineiro ganhar nenhum título relevante (TAça Comebol não possui qualquer relevância), excetuado o famoso Rural, como jocosamente e preconceituosamente chamado por dirigentes, torcedores e infelizmente imprensa da capital.

Será que não seria a hora de a imprensa esportiva mineira comportar-se com mais isenção e defender efetivamente o futebol MINEIRO e não apenas o futebol de BELO HORIZONTE?

Ficam aí minhas ponderações, ressaltando não ser o dono da verdade e estar aberto a argumentos convincentes que me provem estarem aquelas erradas.

Pelo tratamento isonômico entre os times de futebol no país (o que inclui, obviamente o futebol mineiro)!!!!

Me desculpe as mal traçadas linhas e a falta de poder de síntese inerente a elas, visto terem sido escritas por alguém que não é jornalista.

Um respeitoso abraço.

José Ricardo Guerra