quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Jota Júnior, do Sportv, comenta sobre o futebol brasileiro no CANAL UEC

O CANAL UEC, através de seu colaborar Welison Silva, realizou entrevista com Jota Júnior, do Sportv, onde foi falado muito sobre o futebol. Vale a pena conferir:


CANAL UEC: Olá Jota, muito obrigado pela entrevista. Gostaria que você começasse falando quem é Jota Júnior. Faça um breve histórico da vida profissional. 


Jota Júnior, ou José Francischangelis Júnior, 63 anos, nascido em Americana/SP, casado há 37 anos, pai de três filhos, dois netos, 42 de profissão, há 13 anos no canal Sportv, espiritualista, ainda sonhando que o mundo poderá ser melhor, só dependendo de nós mesmos. 


Vamos começar falando de direitos de transmissão, Os contratos de TV hoje são compatíveis com o produto que os clubes oferecem? 


Os contratos da televisão com os clubes poderiam ser melhores, mas esbarram no mercado publicitário brasileiro, que ainda não permite um alargamento de valores. Mesmo assim, entendo que os clubes deveriam gastar menos, administrar mais racionalmente, de acordo com a grana que entra. 


Você não acha que seria muito mais inteligente para os clubes, negociar os contratos em conjunto? 


Sobre os contratos em separado, ou em conjunto, cada um tem uma visão especial. Sendo totalmente leigo em finanças, contabilidade e negócios, confesso não saber responder o que é melhor. É assunto para técnicos em administração e negócios. E a maioria dos dirigentes de futebol não é especializada nisso. 


Qual a principal diferença que você vê nas críticas em uma transmissão TV aberta e TV fechada? 


Os profissionais das televisões, aberta ou fechada, recebem criticas e elas são naturais, normais, pois o público tem o direito de fazer observações. Cada vez o telespectador está mais atento, exigente, e reclama, no que está correto. Cabe aos profissionais receber as criticas, peneirá-las, utilizar o que é pro bem e desprezar as maldosas e capciosas. 


Mudando de assunto, Copa do Mundo no Brasil, é mesmo a realização de um sonho ou um pesadelo que depois vamos ter de arcar com conseqüências nada agradáveis? 

Particularmente, acho que o Brasil deveria ter pleiteado a Copa do Mundo para mais adiante. Estamos nos recuperando política, econômica e financeiramente. Já somos uma das principais economias do planeta e com tendência de crescimento, mas acho que precisaríamos de mais alguns anos para assumir tamanha responsabilidade. É importante sediar uma Copa, especialmente aqui no Brasil com a nossa tradição futebolística, mas poderia ser para mais tarde. 


Sua opinião sobre o que está acontecendo em São Paulo, no caso do Itaquerão, todos nós já sabemos, pois acompanhamos na TV, rádio e internet. Em Minas Gerais o governo estadual está gastando dinheiro que arrecada no Estado inteiro, nos estádios Mineirão e no Indepêndencia, e futuramente serão utilizados só por 3 Clubes e em Manaus, estão gastando uma fortuna, onde nem clube tem. O que tem a comentar sobre os 2 casos? 


Na esteira da resposta anterior e do aperto para a entrega das obras para a Copa, ficam as especulações sobre as verbas para este ou aquele estádio em construção. É claro que na decisão sobre os locais, as sedes da Copa, sempre haverá polêmica, criticas, ingerência politica, e sempre haverá pessoas descontentes. Se aprofundando o problema com as dimensões territoriais do Brasil, impossível de todos serem atendidos satisfatoriamente. 


Estão cogitando decretar feriado em dias de jogos do Brasil, seria assinar atestado de incompetência? 


Não sou favorável a decretação de feriados em dias de jogos da Copa, exceto quando a seleção brasileira for atuar. 

Quando se cogitou copa do mundo no Brasil, a previsão de gastos era X. Hoje isto mais que dobrou. Você acredita que o rombo vai ser muito maior do que os mais otimistas pensam? 

Certamente o orçamento da Copa do Mundo 2014 irá estourar. Isso acontece em pequenas reformas que fazemos em casa. Nunca o que estipulamos é cumprido até o final das obras. E em se tratando de uma Copa, há também as "ocorrências" pouco éticas, que acabam encarecendo o custo das obras. Infelizmente. 

Presidente da CBF e da FIFA em uma palavra. 

Afora as questões pessoais, e isto é matéria para a Justiça, costumo avaliar o desempenho dos dirigentes apenas pelas suas atividades no esporte. Ninguém pode negar o sucesso das administrações de Ricardo Teixeira e João Havelange, à frente de CBF e FIFA. Os resultados são claros, comprovados. Porém, entendo que ninguém pode se perpetuar nos cargos. Reeleições e mais reeleições são contraproducentes, desnecessárias, tendenciosas, pois os dirigentes acabam se profissionalizando em seus cargos, o que não é recomendável. 


Em 2015 teremos a realização da Copa América no Brasil. Já anunciaram duas sedes que não estão no Mundial, como sedes da Copa América. Você acredita que isso foi feito de forma proposital para ter mais gastos de dinheiro publico? 


Toda vez que se promover um evento importante, principalmente aqui no Brasil, onde estamos desconfiados de tudo - e temos razão em desconfiar - haverá um "pé-atrás" sobre essa ou aquela questão. E o caso também da Copa América 2015. Sempre desconfiaremos de "manobras" e etc. É uma pena, mas os homens públicos nos levaram a agir assim. 


Falando do futebol doméstico, hoje em dia times de empresários estão cada vez mais comuns... Isto acrescenta algo? Faço esta pergunta porque vários clubes de tradição estão cada vez mais afastados do cenário nacional e a cada dia aparecem mais e mais times de empresários sem identidade com os torcedores. 


Os times de empresários só têm uma coisa positiva: dão empregos, e muitos empregos. Eles, os empresários, pegaram o vácuo da letargia de clubes tradicionais que pararam no tempo, deixando de se modernizar. Enquanto os empresários arregaçaram as mangas e viram que o futebol era algo lucrativo, os clubes tradicionais deitaram na cama de suas histórias, e não saíram do lugar. Resultado? Perderam para os homens de negócios. 


O que você acha dos campeonatos estaduais? Sem eles os clubes pequenos acabam de vez? 


Acho que há espaço para os estaduais. Ainda que deficitários, eles são de atração popular. As rivalidades alimentam o campeonato. Há apelo para que eles continuem acontecendo. Não devem acabar. 


Somos um web site de torcedores que de certa forma queremos incentivar o time da cidade que é o Uberlândia Esporte Clube. Como explicar uma cidade do porte de Uberlândia (não sei se conhece) e tantas outras como Ribeirão Preto/SP, por exemplo, não terem times competitivos? 


Sinceramente, torço para que muitos clubes do interior brasileiro se fortaleçam. Sou um interiorano. Mas repito, as associações precisam se modernizar. Dirigentes remunerados, departamentos de marketing com profissionais especializados, ações de integração com a sociedade local, e tudo mais. E também com a presença de empresários, pois hoje, sem eles, nada funciona no futebol. Conheço Uberlândia, o Parque do Sabiá, estive nele na inauguração em 1982, e gostaria de ver um time forte na cidade. 

E a Lei Pelé, o que tem a dizer sobre ela? 

A Lei Pelé tem pontos positivos e negativos. Os clubes reclamam, mas menos de 1% se preparou para uma boa adaptação a ela. As agremiações acharam que a lei não iria pegar e abriram espaço para solertes empresários. Deu no que deu. Um advogado especialista me disse logo que a lei saiu, que os clubes sairiam ganhando, caso se adaptassem a ela. Mas os clubes ficaram vendo a boiada passar, e perderam. 


Nos clubes do interior é muito comum patrocínio da prefeitura da cidade na camisa, um exemplo disso é o Boa Esporte que é um time de empresários com este tipo de patrocinador. Você acha isso correto? 


Não acho correto que Prefeituras patrocinem clubes de futebol. E nem deveria ser legal. 


Espaço para as considerações finais. 


Agradeço por me escolherem para esse inteligente questionário. Espero ter contribuído com alguma coisa.

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