domingo, 16 de janeiro de 2011

Batismo do Uberabinha Sport Club

Estádio Juca Ribeiro em 1930
Consta da História que o glorioso Uberlândia Esporte Clube foi fundado no dia 1º de novembro de 1922. Nesse dia, uma assembleia elegeu Tito Teixeira como seu primeiro presidente - que nem posse tomou. No dia 12 de junho de 1923, fez-se outra assembleia que elegeu presidente o coronel Agenor Pereira da Silva Bino. Bino assumiu, aprovou o Estatuto, pagou e recebeu a escritura do terreno onde se construiria o futuro estádio Juca Ribeiro. Isso em seis dias. Depois, tudo parou. A assembleia só voltou a reunir-se no dia 29 de janeiro de 1928, quando elegeu Bino como presidente honorário e o Henrique de Castro presidente efetivo. No livro do historiador uberabense Hildebrando Pontes, “História do Futebol em Uberaba”, no entanto, são registrados nada menos que seis jogos de times daquela cidade, ocorridos entre 1918 e 1920, contra um adversário chamado Uberabinha Sport Club, que deve ser o mesmo criado em 1922 e 1923.

A coisa se complica. No dia 4 de agosto de 1918, o jornal “A Notícia”, desta cidade, registrou a criação de um novo time chamado Uberabinha Sport Club, com os melhores elementos dos extintos clubes “Spartano” e “Rio Branco”. Naquele mesmo dia, ele fez sua estreia enfrentando o poderoso Palestra Itália, campeão de Uberaba. Esse jogo, diz a notícia, seria o seu batismo. O jornal deu a escalação: Fefé, Mulato e Schwindt; Vicente, Eurico e Américo; Mário, Meireles, Tonico, Manoel e Mormano. Na edição seguinte, de 11 agosto, o jornal contou como foi o jogo. Começa registrando que já, às 14h, a torcida tinha tomado conta do campo que ficava atrás da Santa Casa, na avenida Cesário Alvim. A Santa Casa era onde é hoje a Uberlândia Automóveis, na avenida Floriano Peixoto. Às 3h, ao som da Banda União Operária, os quadros entraram em campo, chamados pelo “referée” (juiz). O Palestra ganhou o “toss” (sorteio para a escolha do lado) e escolheu ficar de costas para o sol. O Uberabinha deu o “place-kick” (saída) e já partiu para o ataque, mas foi interceptado pela forte defesa uberabense. O jogo seguiu equilibrado até que, lá pelos 30 minutos do primeiro tempo, o “center half” (volante) lançou o ponta esquerda Mormano, que centrou para M. Theodoro (que não estava na escalação do jornal) marcar com forte “shoot” (chute) rasteiro. A União Operária, em comemoração, sapecou uma “maviosa valsa”.

No segundo tempo, o Palestra veio com tudo e submeteu o Uberabinha a um bombardeio que só o desdobramento do Fefé impediu a derrota. Esse Fefé teve nome na época, mas a posteridade o esqueceu. Era uma espécie de Higuita daqueles tempos. Um negrão alto e forte. Contam que tirava petardos de cabeça ou de letra, que interceptava passes e centros, na área, com o pé, e saía jogando com os companheiros. Não sei se fez dessas nesse jogo. O fato é que impediu a derrota, mas não conseguiu evitar um gol e o jogo terminou empatado. “A Notícia” teceu elogios a Fefé, Mulato e Mormano. Mas a confusão sobre o surgimento do time não fica por aqui. Hildebrando Pontes, no livro, relacionou um jogo do Uberabinha Sport Club contra o Uberaba Sport, lá, no dia 20 de janeiro de 1918, ou seja, oito meses antes do batismo. Que complicação, hein? Nesse jogo apanhamos de 2 a 0.

A confusa criação do nosso Verdão tem a seguinte cronologia:

20.01.1918 – jogo contra o Uberaba Sport;
04.08.1918 – criação e batismo contra o Palestra;
1o.11.1922 – criação segundo Tito Teixeira;
12.06.1923 – criação segundo Jerônimo Arantes.

A não ser que cada Uberabinha Sport Clube tenha sido um time diferente do outro, ninguém sabe ao certo quando surgiu o “Furacão Verde”, que já foi “da Mogiana” porque a Mogiana virou saudade...

Fontes: Hildebrando Pontes, jornais da época, Ramiro Pedrosa.

Texto de Antônio Pereira da Silva (Coluna Crônica da Cidade do Jornal Correio de 16.01.2011)

2 comentários:

  1. Se já existe perdoem minha ignorância , mas já esta passando da hora de alguem fazer um livro com a história do Verdão, com muitas fotos dos grandes jogadores e diretores que fizeram parte da sua história.

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  2. Infelizmente não existe um livro somente com a história do Verdão. Existe sim fragmentos desta história contadas pelo historiador e escritor Antonio Pereira, obtidas atraves de pesquisas e entrevistas. O blog aqui procura resgatar uma parte desta história através de fotos e informações. Quem sabe até o centenário isto não aconteça?

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