sábado, 1 de setembro de 2012

Estádio Parque do Sabiá: um sonho possível


João Inácio da Fonseca tinha só 17 anos quando foi trabalhar na Prefeitura de Uberlândia enchendo saquinhos de terra para fazer mudas de plantas. Encheu poucas embalagens e foi chamado para limpar um terreno num local até então abandonado. Descobriu que lá seria construído um dos maiores estádios de futebol de Minas e se assustou quando viu pela primeira vez a maquete do estádio Parque do Sabiá, que mais tarde passou a se chamar João Havelange. 

Hoje, aos 52 anos, João Batista (foto), conhecido no Parque do Sabiá como João Leite, lembra-se vivamente daquele momento. “Parecia um sonho, era um projeto enorme e a gente pensava que seria uma construção impossível.” 

Depois de ajudar a limpar a área de cerrado e preparar o terreno, o então adolescente ganhou a tarefa de fincar paus de eucalipto para colocar faixas de agradecimento às autoridades que estariam na cidade para lançar a pedra fundamental, em 1978. Pelé, João Havelange, então presidente da Fifa, e o presidente João Batista Figueiredo leram as faixas e João Leite ficou todo orgulhoso.

“Ter participado daquele momento foi um privilégio para poucos. Eu estava lá, ajudando a construir aquela coisa enorme que a gente mal sabia onde ia dar. Nós passamos a acompanhar a obra e olhar a maquete para entender se era possível mesmo uma construção tão grandiosa”, diz.

João Leite continuou trabalhando no Parque do Sabiá e aos 18 anos foi contratado pela recém-criada Fundação Uberlandense do Turismo, Esporte e Lazer (Futel). Com 35 anos de carreira de servidor, continua cuidando do parque, agora como encarregado de manutenção e reparo do parque. Enquanto ajudava a montar tijolos e fazer encanamentos do estádio, acompanhava o buraco enorme que estava sendo feito no parque para abrigar a represa. “Parque e estádio foram construídos juntos, por isso participei dos dois”, afirma.

Em maio de 1982, quando o estádio foi inaugurado, João Leite estava lá de novo com “um olho no peixe e outro no gato”. Ele ficou responsável por coordenar o setor de cadeiras cativas, mas não perdia de vista a entrada da seleção brasileira em campo. “Era um Brasil e Irlanda. O jogo era às 21h e às 11h os portões foram abertos. O estádio lotou cedo e as pessoas não sabiam andar naquele espaço grande. Eu levava os torcedores até as cadeiras numeradas e, quando todos já estavam sentados, então eu assisti tranquilamente ao jogo”, diz. Ele viu então Falcão marcar o primeiro gol no estádio, na goleada do Brasil por 7 a 0.  

Ele não se cansa de olhar o João Havelange e se lembrar que colocou alguns tijolos naquela obra. Com a mesma vivacidade, observa pais e fi lhos passeando pelo parque e se emociona quando ouve as pessoas dizerem que o parque é lindo. “Sou um homem privilegiado. Entrei aqui aos 17 anos para encher saquinhos de terra e continuo a trabalhar neste lugar maravilhoso. Vi todo esse complexo de  esporte e lazer crescer, melhorar e fi car cada vez mais bonito.”

Fonte: Jornal Correio
Fotos Estádio: Valter de Paula
Foto João Leite: Cleiton Borges

Um comentário:

  1. Se o Parque é grandioso para uma cidade de 620 mil imagina quando de sua inauguração, quando Uberlândia não contava sequer com um terço desta população!

    O Parque do Sabiá é um exemplo do espírito empreendedor e destemido do povo de Uberlândia!

    Parabéns a quem idealizou a matéria. É a primeira vez que leio algo homenageando quem realmente botou a mão na massa para edificar o nosso grandioso estádio!

    ResponderExcluir

Não serão tolerados comentários que contiverem ofensas, calúnias, difamações, injúrias, denúncias infundadas (existe Ministério Público pra quem quer denunciar), palavras chulas e aqueles totalmente impertinentes à matéria. Siga estas regras e terá sua postagem publicada.

IMPORTANTE: Os comentários feitos não retratam o pensamento dos autores do blog.