Sim, o texto que começa agora bem poderia ser um capítulo da esporádica série "Geração Winning Eleven". Mas sei que agora essa molecada alienada migrou para o Fifa e então talvez fosse o caso até de mudar o nome. Não, não é! Deixe estar e sigamos com o título acima, porque ele se faz muito mais apropriado no sentido de antecipar o que se segue:
Jogadores de futebol, os senhores bem sabem, são tratados por este blog como os vagabundos descartáveis que efetivamente são. O nome pouco importa; eles são números e devem ser tratados assim.
Tal lógica é exatamente o oposto do que se observa com essa geração de """torcedores""" (ênfase nas aspas) de videogame e de redes sociais. Porque o tratamento por eles concedido aos jogadores é de reverência, quase como se fossem ídolos pop. Notem aí que qualquer desses moleques sabe escalar os grandes times europeus do goleiro ao centro-avante, e é capaz ainda de dizer onde está cada um dos pretensos ídolos. Pergunte, no entanto, quais são as torcidas de destaque entre os clubes europeus, a história do Barcelona ou as origens recentes do endinheirado Chelsea, e o babaca ficará calado. Mais que isso: pergunte qual é a experiência desse puto dentro de um estádio de futebol e receberá o silêncio como resposta.
Pois digo então que o Barcelona foi apresentado anteontem (e na última semana como um todo, faça-se justiça) a este desconhecido chamado futebol. Porque o que disputava o clube catalão até a fase anterior da UCL não era exatamente futebol. O Barcelona pairava acima de todos os outros, a vida era fácil, as vitórias pareciam naturais demais, não havia risco. Estava longe de ser futebol; era uma atividade paralela, que carecia de certa dose de dramaticidade e de um pouco sofrimento para se qualificar como futebol. Era, sejamos claros, uma chatice.
A eliminação de ontem, se vista em perspectiva, é muito boa para o Barcelona. É boa porque traz o Barcelona para o futebol de verdade, este que se pratica por todos os outros clubes e que, acreditem, é mais desilusão que festa. As eliminações traumáticas são mais comuns que as grandes conquistas, as derrotas vexatórias se fazem mais presentes que as campanhas avassaladoras, os dramas ocupam mais espaço que as goleadas. E é assim que deve ser.
Futebol é isso e o torcedor do Barcelona anteontem no Camp Nou foi apresentado ao esporte (lembrem-se, senhores, que só existe um esporte; o resto é brincadeira de educação física). O torcedor do Barcelona chorou, sofreu, viu o time pressionar um rival encurralado durante 90 minutos. Ah, aquele desespero do final foi tão bonito... Bola alçada na área, correria, a derrota se aproximando. E o gol sofrido já nos descontos, um belo gol, pois sintomático de todo aquele desespero. Um gol que teve o efeito de calar o estádio, de impor um drama ao qual aquela gente parecia pouco habituada. E haverá de ser bom para todos.
A derrota é uma bênção para a torcida do Barcelona (e por torcida, entenda-se, é claro, quem estava ontem no estádio). Porque, e aqui eu sei que parece clichê, é a derrota que dá um peso maior para as vitórias. É a derrota que faz o torcedor entender o futebol de maneira completa. É a derrota que faz o torcedor se sentir mais importante para o clube. É a derrota que molda o caráter.
O futebol é injusto. O futebol machuca. O futebol mais tira do que dá. O futebol chega a ser cruel, como acontece com um time que enfia três bolas na trave em um jogo, mais duas no outro, pressiona, joga melhor (e é melhor), mas não consegue superar uma retranca muito bem montada e vê o sonho escapar em duas enfiadas de bola precisas, em contra-ataques mortais. É a beleza do futebol. E é a dor de saber que se está perdendo para um time sem alma, para uma entidade artificial, para um clube que é a representação de tudo de ruim que existe no tal futebol moderno. Mas é assim que é.
Difícil aceitar assim de maneira tão imediata, mas a torcida do Barcelona haverá de entender. E vai agradecer porque a geração de torcedores mais novos passa agora a conhecer o futebol de verdade.
###
_O Chelsea, vocês sabem, é uma aberração completa. É um símbolo desta maldita Geração Winning Eleven. E é só por isso que eu preferia ontem a vitória do Barcelona. Que o Bayern se encarregue de evitar o pior na final.
_Em que pese o meu ódio pelo Chelsea, os 10 jogadores que seguraram ontem o Barcelona (e foram buscar os dois gols já com a inferioridade numérica) praticaram um futebol belíssimo. Retranca, entrega, espírito de guerreiros. Seguraram um time superior, foram matadores no contra-ataque e merecem todos os elogios por isso. O futebol vive em tardes como a de ontem.
_O pênalti perdido e a derrota haverão de ser bons também para Messi. Ele é humano e, como tal, falível. Baixemos um pouco a bola. A Copa/2014 vem aí e ainda quero crer que ele haverá de se consagrar em solo sagrado.
Fonte: Blog Forza Palestra (texto adaptado para adaptar ao dia da publicação)
renato, porra. que belíssimo texto, cara. parabéns. cacau
ResponderExcluirCompro camisas de times Brasileiros, do interior do Brasil e Exterior. Sejam réplicas ou Oficiais. Possuo uma coleção de camisas de clubes, por isso busco aqui, quem tiver camisas de clubes ou torcidas organizadas, me contacte por e-mail e podemos negociar. Resido em Uberlândia, MG. Pago em dinheiro. Contato abaixo.:
ResponderExcluirE-mail.: thirodrigues.1996@hotmail.com
Agradeço...