Depois da fundação do Rio Branco Foot Ball Club, o futebol se firmou na velha Uberabinha. Treinava-se diariamente na praça da República (Tubal Vilela) com os cinco minutos finais à "bruta", ou seja, à vontade, sem falta Era um pega!
Logo, logo convidaram Araguari para um jogo cujo resultado foi um vexame: 5 a 0 para os visitantes. Mas não esmorreceram.
América Zardo fundou o Spartano, de pouca duração.
Com os melhores elementos do Rio Branco e do Spartano, fundou-se, em 1918, o Uberabinha Sport Club.
A História guardou que o Uberlândia Esporte Clube (originalmente chamado Uberabinha Sport Club), foi fundado em 1922 por Agenor Bino e Gil Alves dos Santos em razão de desentendimentos entre as facções políticas dos "cocões" e dos "coiós". O livro de Atas do clube prova a sua fundação em 1922. Entretanto, não se sabendo se um é continuação do outro, houve, antes desse ano, um Uberabinha Sport Club citado algumas vezes no livro "História do Futebol em Uberaba", de Hildebrando Pontes e em reportagem publicada no jornal "A Notícia", desta cidade, a 4 de agosto de 1918.
Para comemorar a criação do "team", realizou-se um jogo no "ground" dr. Duarte (campo que ficava atrás da Santa Casa - onde é hoje a firma Uberlândia Automóveis) entre o novo Uberabinha Sport Club e o Palestra Itália, considerado o campeão de Uberaba e conseqüentemente de todo o Triângulo.
A escalação do Uberabinha, publicada de véspera, foi: Fefé, Mulato e Schwindt; Vicente, Eurico e Américo; Mário, Meireles, Tonico, Manoel e Mormano.
Fefé era um "goal-kepper" extraordinário capaz de rebater "shoots" de cabeça e de letra, matar a bola na pequena área e sair jogando com seus "backs".
O jogo foi às quinze horas. Desde as quatorze o campo já estava tomado pela torcida. Eram cavalheiros de paletó e gravata (e chapéu), senhoras e senhoritas elegantemente vestidas e protegidas por sombrinhas. O "foot ball" era praticado e apreciado pela elite no país inteiro.
O "refere" (juiz) Esquilace chamou as duas equipes para o centro do campo (até pouco depois de 1930 os campos da cidade foram de terra - nunca gramados!). A Banda União Operária sapecou música. O "toss" (sorteio por cara e coroa) beneficiou o Palestra que escolheu o lado. O "place kick" (saída) foi do Uberabinha.
O jogo manteve-se equilibrado até os trinta minutos do primeiro tempo quando o Uberabinha marcou através de uma jogada começada pelo "center half" Eurico, se não alteraram a escala publicada, que lançou o ponta esquerda Mormano e este centrou para M. Theodoro, cujo nome não constava da escalação publicada, marcar com um forte "shoot" rasteiro. A Banda União Operária, em comemoração, tocou maviosa valsa.
No segundo tempo, o Palestra cresceu e foi preciso que Fefé se desdobrasse para impedir uma derrota. mesmo assim, levou um gol e a partida terminou empatada.
O jornal "A Notícia" elogiou as participações de Fefé, Mulato e Mormano.
Esse Uberabinha Sport Club ainda fez alguns jogos até 1920, inclusive contra o seu tradicional rival, o Uberaba Sport Club, o "vermelhinho", conforme relação feita por Hildebrando Pontes no livro citado. Infelizmente, o trabalho de Pontes encerrou-se em 1920.
De forma que a fundação do nosso querido Furacão Verde da Mogiana é um tanto confusa havendo ainda uma terceira versão que um dia contarei.
Nota: Usei várias palavras em inglês que eram comuns nos princípios do nosso futebol e que assim estão registradas em livros e jornais.
Texto de Antônio Pereira da Silva, na obra "As histórias de Uberlândia - Volume I", páginas 98 a 100
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