Camargo Neto defende a disputa da Taça Minas Gerais

O torcedor do Uberlândia Esporte que se manifesta não quer que o clube coloque um time com grande participação de jovens valores, vindos da Base, para disputar a Taça Minas Gerais. Tenho constatado isto ao receber e-mails, posts ao pé desta coluna no online, pelo Canal UEC – www.canaluec.com.br - e em eventuais contatos pessoais aqui e ali. Os que se manifestam são torcedores participativos, que estão cansados de levar tantas bordoadas nos últimos anos. Respeito profundamente o torcedor, mas discordo na condição de comentarista esportivo que analisa, sempre que possível, com a razão e não com a emoção.

Não pretendo julgar, como alguns torcedores têm feito, se a atual diretoria, em fim de mandato, está apenas preocupada em acertar débitos e deixar um caixa mínimo para o começo do ano que vem, o que também não está errado. Prefiro acreditar que, além disso, esteja pensando, como eu, que realmente o Uberlândia Esporte precisa dar real oportunidade às jovens promessas que tem. Esta é a parte mais complicada para todo clube formador de jogadores: a passagem da Base para o elenco e o time profissional.

É nesse gargalo que a maioria dos bons jogadores, formados em três, quatro, cinco ou mais anos, se perdem, não tendo chances reais de afirmação no time principal. Isso também não pode ser feito de qualquer maneira. Tem que haver critério. Quem vai dirigir o trabalho – diretor e técnico – tem que saber como fazer.

Cada pessoa é única e o jovem jogador de futebol é uma pessoa única. Um pode ter mais capacidade de absorver tropeços; outro, não. Só dando chance, apoiando, compreendendo, assistindo ao jovem é que o clube conseguirá, efetivamente, revelá-lo. Por isto é que defendo a utilização dos jovens alviverdes na Taça Minas Gerais.

Como fazer

O diretor é a peça mais importante. Cabe a ele dizer ao treinador o que o clube deseja e seguir trocando idéias com o profissional que irá trabalhar no dia a dia com os jovens. Por isto resolvi sugerir a receita. O Uberlândia tem jogadores experientes no que restou de seu elenco, como Rodrigo Posso, Vertinho, Joilson, Butti, Ademilsom e Daniel Morais. Este, provavelmente, será emprestado. Pode precisar de um zagueiro experiente. Vertinho pode jogar de zagueiro.

O outro é o jovem Pablo. Dener é lateral direito, onde Chiquinho, que é volante, pode ser usado. Na lateral esquerda o jovem Xandinho, onde Luis Guilherme, que é volante, pode atuar. O meia Adãozinho precisa jogar e o centroavante Guma também. O goleiro Oliveira pela mesma forma.

Este, a meu ver, deveria estar programado para entrar, nos jogos iniciais, quando a partida estiver definida, seja derrota ou vitória. Aí pode ser dez ou vinte minutos. Na seqüência sempre haverá a possibilidade de substituir Posso em caso de contusão ou cartão e até demonstrar personalidade e qualidade para seguir jogando. Fazendo assim, o Uberlândia pode ter alguns desses jogadores prontos para serem titulares de um time forte no começo de 2012.

Alguns outros poderão ser bons reservas. Se der liga, porque um pouco de entusiasmo não faz mal, um time assim pode até chegar bem na reta final. Só não pode ser apontado ou cobrado como favorito em momento algum.

Texto de Camargo Neto, coluna Bola em Jogo, Jornal Correio (edição 22319)