segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Tudo vale a pena pelo sonho dos filhos

Vicentão com os filhos Carlos, Maurinho e Fernando

Existe um ditado que diz: o amor pode ultrapassar barreiras e, quando se fala em amor de pai, aí não existem limites. No futebol brasileiro são inúmeros casos de pais que deixam tudo em prol do sonho dos filhos. Em Uberlândia, o CORREIO colheu alguns casos interessantes, que comprovam a sina não só das jovens promessas, mas, principalmente, destes pais dedicados, que depositam nos filhos a esperança de eles serem jogadores reconhecidos no principal centro do futebol mundial.

Um dos casos mais interessantes é o do líder de impressão da Algar Mídia, Élio Adelino Bento, de 41 anos. Ele está de mudança para São Paulo, onde vai morar com a esposa e seus filhos Vitor Santiago Bento, de 15 anos, que há um ano já está na Portuguesa de Desportos, e Matheus Santiago Bento, de 14, que passou no teste e também integrará as categorias de base da Lusa no começo de janeiro.

Élio está abrindo mão de um emprego em que está há 21 anos. Mas, segundo ele, tudo vale a pena pelo sonho dos dois filhos. “É isso que eles querem, por isso tomei essa decisão. É claro que eu também tenho este desejo de vê-los alcançando sucesso no futebol, mas, acima de tudo, está a vontade deles. Sempre deixei claro que a vontade dos dois (Vitor e Matheus) está em primeiro lugar”, disse Élio.

Para os dois garotos, Élio é mais do que um pai. “Ele é maravilhoso, porque nos dá atenção, apoio e faz o que pode pelo nosso sonho. Amamos ele muito e esperamos retribuir em dobro todo o empenho que ele faz por nós”, disse Vitor Santiago.

Caso de sucesso

Conhecidos do torcedor uberlandense, outro caso de dedicação aos filhos futebolistas é Vicente de Paula Mariano, mais conhecido como Vicentão. Ele é pai de dois grandes jogadores que passaram pelo Uberlândia Esporte Clube (UEC) e outros importantes times brasileiros. Fernando iniciou nas bases do UEC e jogou por Palmeiras, Internacional (RS), Botafogo e outros clubes.

Maurinho conquistou a Copa CBF em 1984

Já Maurinho foi ídolo da massa alviverde entre as décadas de 1970 e 1980, sendo que em 84 foi campeão da Copa CBF pelo Verdão, quando marcou 13 gols.

“O Fernando não queria continuar jogando bola. Quando estava na base do Uberlândia fiquei sabendo por meio do técnico Valdir Silva, que ele estava faltando aos treinos. Fui conversar com o Fernando, e ele me disse que não queria mais jogar”, disse Vicentão.

Fernando confirma a história. “Realmente eu não estava muito a fim. Mas meu pai conversou sério comigo e então, por ele, resolvi continuar. E deu certo porque consegui construir uma carreira, graças à persistência dele”, disse Fernando.

Em relação a Maurinho, Vicentão garante que este só queria saber de bola. “Até hoje. Nunca vi uma pessoa mais fominha por bola do que o Maurinho. Se deixar até come bola”, disse.

Maurinho considera o pai um exemplo de confiança. “Ele é o culpado por tudo isso. Sempre foi um apaixonado por futebol e se sacrificou pelos filhos”, disse. Vicentão ainda tem dois filhos futebolistas. O volante André, que também jogou nas bases do UEC e hoje atua em clubes amadores da cidade. O filho mais velho, Carlos Mariano, segundo Vicentão, era o mais craque dos quatro filhos, mas precisava trabalhar para ajudar no orçamento da casa. “Infelizmente eu não pude dar o mesmo suporte a ele, que, afinal de contas, abriu caminho para que seus irmãos pudessem se tornar jogadores”, disse.

Zagueiro e seu pai ainda acreditam

O zagueiro Mário Vitor, de 24 anos, disputou o Campeonato Amador de Uberlândia deste ano pelo América, mas antes, passou pelas categorias de base do Uberlândia Esporte e também do Cruzeiro. Para o paizão Sebastião Batista Carvalho, o Tiãozinho, o sonho de que o filho se torne um jogador profissional ainda existe. “Eu fui pai e ‘paitrocinador’, levei o Mário para várias peneiradas, mas acho que até o momento minha força foi pequena. Sempre fiz o que pude e ainda faço se for preciso. Acima de qualquer coisa, ainda existe a vontade dele. Se é sonho do meu filho, também é o meu”, afirmou Tiãozinho.

Olheiros avaliam talento da garotada

No país do futebol, mesmo que você seja bom com a bola nos pés, não é nada fácil entrar em um grande clube. “De cada mil garotos testados, em média, o clube aproveita um”, diz o empresário Cláudio Sparapani, dono da unidade piloto do São Paulo Futebol Center, franquia de escolinhas criada pelo clube tricolor, que hoje já conta com 22 unidades em São Paulo, uma na Coreia do Sul e uma na Tailândia.

Todos os grandes clubes têm olheiros, que podem ser profissionais contratados pelo clube, os próprios treinadores das divisões de base ou pessoas de confiança, como ex-jogadores.

O Cruzeiro é dos clubes que contam com olheiros permanentes, que vivem rodando pelo país em busca de torneios com garotos de 13 a 16 anos. “Temos quatro avaliadores permanentes, mas, no mês de janeiro, quando acontecem muitos campeonatos amadores, espalhamos 12 pessoas pelo país”, disse o diretor das divisões de base, João Gualberto Silva.

NEYMAR - Craque santista é um negócio de família

O atacante Neymar nunca escondeu a relação de confiança que mantém com o pai, Neymar da Silva Santos. O jogador de 19 anos sempre deixou os seus assuntos profissionais a cargo de seu pai e do empresário Wagner Ribeiro. E, para o pai de Neymar, administrar a carreira do filho é como cuidar de uma empresa. “Ele é a nossa empresa. Eu sou presidente com minha esposa, e tem a minha filha que ajuda”, disse o pai do jogador, em entrevista à revista “Alfa”.

Mesmo após ganhar títulos e chegar à seleção brasileira, o seu pai segue no controle do salário do atacante e destina uma parte dos vencimentos como uma espécie de mesada para o camisa 11 do Santos. “É difícil. Você fala: Caramba, estou tratando meu filho como negócio. Claro. O Neymar até certo ponto é meu filho. Mas, a partir do momento em que ele sai de casa, é meu negócio. É nosso trabalho”, afirmou.

Fonte: Jornal Correio - repórter Éder Soares

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