Lições do Barcelona ao mundo

Que o Barcelona iria ganhar do Santos, eu tinha certeza, apesar de ter torcido por uma zebra. Mas o que vimos no domingo passado foi uma verdadeira aula de futebol, um baile, uma humilhação...é, nem consigo definir. 

O futebol brasileiro já foi daquele jeito e o pessoal aqui sempre criticava aquela troca excessiva de passes no meio de campo. “O Barcelona mostrou o jeito que gostamos de jogar com a bola, trabalhar o time todo. Na verdade, mostramos ao mundo como gostamos do jogo bonito que vocês (brasileiros) inventaram”, disse Sandro Rossel, presidente do Barcelona.

O Barcelona tem mostrado o melhor futebol do mundo e se percebe nos detalhes que estas conquistas não aconteceram por acaso. Eles privilegiam o conjunto do time. Por mais que Messi seja o astro, todos trabalham junto tanto no ataque quando na marcação. O que se percebe é que o treinamento deles é o somente de um toque (no máximo dois) para que consigam chegar no entrosamento ideal. E olhe que todos jogadores sempre aparecem para receber a bola, ao contrário de muitos jogadores que se escondem e reclamam depois que ninguém passa a bola pra eles.

Um dado interessante que não pode passar desapercebido é a questão do planejamento do time, a começar pelas categorias de base que tem um esquema de jogo bem delineado desde o mirim até o profissional. O trabalho das bases do Barcelona é impressionante na questão de longo prazo. Para quem não sabe, Messi está no clube espanhol desde criança.

Outra questão é a manutenção da base da equipe. Não se troca de jogadores todo ano. As substituições são pontuais e apenas quando evidentemente necessárias. Isto facilita a questão posse de bola que é o forte da equipe, porque são jogadores que estão acostumados a jogar um com o outro. Temos no Brasil exemplos claros, como o do São Paulo, que manteve uma base e foi campeão durante anos seguidos.

Por fim, o brasileiro precisa dar o braço a torcer: não temos mais o melhor futebol do mundo. E sabe por que? Por que resolvemos virar europeus, jogar igual os times europeus. Nos igualamos na questão física e acabamos com a conhecida técnica e maneira de jogar com passe de bola.

Parabéns, Barcelona. O livro "A bola não entra por acaso", de Ferran Sorian, ex-presidente do Barcelona, deveria ser um livro obrigatório, de cabeceira, de qualquer dirigente de time brasileiro. Lendo ele, você entende porque o Barcelona chegou onde agora está: no topo do mundo.