João Havelange pode virar Estádio Virgílio Galassi

Inaugurado como Parque do Sabiá, em 1982, e denominado posteriormente como João Havelange, em 1989, o estádio municipal de Uberlândia pode sofrer novamente mudança de nome. Pela segunda vez, um projeto de lei é apresentado na Câmara Municipal de Uberlândia para alterar o nome de João Havelange e homenagear o ex-prefeito Virgílio Galassi (in memorian – 1923/2008). O ex-prefeito foi o responsável pela obra do estádio e do parque municipal. Quando ainda era vivo, Virgílio Galassi recusou a homenagem de batizar o estádio com o seu próprio nome.

Agora, o vereador Misac Lacerda (PR) tenta, pela segunda vez, emplacar o projeto para mudar o nome do estádio e homenagear o ex-prefeito. “Estou colocando um projeto para mudar o nome do estádio para Virgílio Galassi, o Virgilão. Já protocolei e em julho deve ser objeto de deliberação para começar a tramitar”, afirmou o vereador. A justificativa de Lacerda é baseada no histórico do ex-prefeito. “Ele foi o idealizador, foi buscar ajuda na iniciativa privada na época. Por justiça, o nome deveria ser do senhor Virgílio”, afirmou o vereador.

Misac Lacerda já havia tentado fazer a homenagem quando Galassi ainda era vivo e o estádio João Havelange (Engenhão) foi inaugurado no Rio de Janeiro. “Nós fomos à casa dele (Virgílio) – eu, o Baiano (vereador Hélio Ferraz) e o ex-vereador Barça da Sucata – e ele não quis aceitar a ideia”, afirmou.

Na época, o Ministério Público questionava a denominação do Terminal Central de Paulo Ferolla da Silva, pois o ex-prefeito também era vivo e não poderia receber a homenagem, segundo a lei em vigor para denominação de espaços públicos. “Também tive muitos críticos, porque eles diziam que não há como desomenagear alguém, mas eu acho relativo. A avenida dos Andradas virou Raulino Cotta Pacheco, a Getúlio Vargas já chamou Rio de Janeiro, a Marcos de Freitas de Costa era avenida Goiânia”, disse.

Diretor da Futel é contra mudança de nome

O momento é inadequado para a alteração do nome do estádio uberlandense. Em nível internacional, o ex-presidente da Fifa, João Havelange, é alvo de denúncias de corrupção.

Na esfera nacional, Uberlândia busca uma vaga para ser Centro de Treinamento de Seleções da Copa do Mundo e o genro de João Havelange, Ricardo Teixeira, é presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e homem-forte do país na organização da Copa de 2014. “Muita gente acha que o momento não é correto, porque Uberlândia vai fazer um pleito para receber uma seleção na copa do Mundo e isso pode pegar mal e como represália Uberlândia ser retirada.

Não entendo assim, Uberlândia está classificada e se habilitando por capacidade própria, por mérito, vou encontrar muita objeção nesse sentido para votar neste ano, até do Executivo, mas o projeto vai tramitar”, disse Lacerda.

O diretor da Fundação Uberlandense de Turismo, Esporte e Lazer (Futel), Antônio Carrijo, é contra a mudança no nome do estádio. Ele argumenta que o ex-prefeito Virgílio Galassi já foi homenageado. “O complexo municipal Virgílio Galassi inclui o estádio João Havelange, a Arena Tancredo Neves, o futuro parque aquático e o Parque do Sabiá em si”, afirmou.

Ex-prefeito nega existência de concurso para denominação

A origem do nome do estádio também é motivo de controvérsia. O radialista aposentado e ex-diretor da Futel Odval Ferreira afirmou que houve um concurso para a escolha do nome do estádio e que o suposto vencedor reivindicou anos depois o prêmio: uma cadeira cativa no estádio. “Ele foi nos procurar, eu me lembro desse concurso, mas não tinha uma ata da escolha do nome que pudesse oficializar a escolha do nome pelo concurso”, disse.

O ex-prefeito Paulo Ferolla, que foi o primeiro presidente da Futel, afirmou que não houve concurso para dar o nome do complexo esportivo. “Eu acredito que o nome tenha partido do Cícero Diniz, que era meio poeta. Não teve concurso. O estádio era para homenagear o João Havelange. Fomos construindo o estádio sem dar nome. O sonho do Virgílio era inaugurar o estádio com a seleção brasileira. Tinha que ter um cacife muito grande, daí surgiu a ideia de homenagear o Havelange para ficar mais fácil trazer a seleção brasileira”, afirmou. A lei que alterava a denominação do estádio para João Havelange só seria publicada, no entanto, em 1989, pelo ex-prefeito Virgílio Galassi.